sábado, 27 de dezembro de 2008

2009

De um passo rumo a nós mesmos, de uma esperança que se torna um objetivo, de uma fagulha de qualquer coisa que possa nos ajudar a ter, apesar de qualquer problema, felicidade, é que vem o amor. Que ele seja o caminho por entre todo desespero, toda falta de motivação, toda dor emocional e todo desalento que paira sobre nós. Porque é ele que carrega nossas vidas. E somos nós que dirigimos esse barco, quer a gente assuma ou não.

Para cada intenção, uma realização;
Para cada ódio, uma lição;
Para cada presente, um simbolismo verdadeiro de doação;
Para cada amigo, mais um (mais dois);
Para cada dia, um agradecimento;
Para cada desvio, um novo rumo;
Para cada sofrimento, amparo;
Para todos vocês, saúde.

E a vontade de sair do mesmo lugar, mesmo que seja só um pouco e mesmo que pareça tão impossível.

terça-feira, 16 de dezembro de 2008

Por que às vezes sonhos não tem o mínimo sentido?

Foi um sonho atípico. Se bem que todos os meus sonhos são atípicos, distorcidos e tão coloridos quanto as mãos de uma criança comendo Vigorzinho.


Eu estava no prédio onde trabalho, e creio eu que pelo fato de estar assistindo Homem Aranha 3 há dois dias atrás, sonhei com um guindaste no alto do prédio destruindo tudo. O guindaste estava descontrolado e todas as pessoas do prédio estavam correndo desesperadamente em busca de uma saída, inclusive eu, que gritava dramaticamente "socorro".


O prédio estava sendo destruído pelo guindastre descontrolado, e o barulho era tanto, a bagunça era tanta, o pó era tanto. Passados alguns segundos, tudo ficou em silêncio, e o noticiário informava que o guindaste gigante havia destruído boa parte da população mundial. Saímos todos com medo temendo o que encontrar pela frente, como naquele filme "Ensaio sobre a cegueira" na hora em que os cegos saem do confinamento para o mundo, já destruído.


A visão era semelhante. Pedaços de coisas no chão, casas destruídas, roupas jogadas pelas ruas, cachorros se coçando pelos cantos, e todas as pessoas, todas, rodavam e olhavam para o céu perguntando "Quem sou eu?" "Para onde vou?" "De onde vim?" "Quem sou eu?" "Quem sou eu?" Neste momento, todas elas congelaram e parece que comecei a ver tudo de cima, como se uma câmera estivesse dando um Zoom ao contrário. As pessoas foram ficando pequenininhas e aquela cena virou um cartaz, onde de repente apareceu uma frase: "Quem sou eu" - A Nova Novela da Globo!

quinta-feira, 11 de dezembro de 2008

Keep Away

Simplesmente não tenho mais paciência nem tempo pra meias amizades. Não consigo mais ter colegas. Não perdi a minha educação, nem meu senso de humor, mas acho que ao longo dos anos, desenvolvi meio que um filtro para amizades superficiais.

Sabe, eu falo muito. Falo de mim, do que eu penso, do que eu sinto. Toda hora. Falo sério e as pessoas pensam que estou brincando. Mas adoro, e quando eu digo adoro é igual a “não sei viver sem” ouvir, observar as pessoas, me preocupar com quem eu tenho certa afinidade. E nessas de ouvir e observar, acabo entendendo alguma coisa sobre o que as pessoas têm dentro de si.

Acredito que não é pra qualquer um ser um “futuro amigo de infância” em potencial. Podemos ter comportamentos, gostos, estilos diferentes, mas nunca valores diferentes. Eu não conseguiria ser amiga-irmã de uma pessoa que engana os outros para ganhar dinheiro. Que rotula as pessoas de acordo com critérios errados, superficiais. Que pensa que todos têm inveja dela. Que acredita no jeitinho brasileiro e não no jeitinho certo. Que engana quem ama. Que abusa das suas máscaras. Que não tem histórias engraçadas e arrependimentos, que não é simples de alma e que não sabe rir de si mesmo. Eu não tenho mais tempo a perder com coleguinhas, com pessoas que não pensam em nada mais profundo do que seu próprio umbigo.

Já aprendi a diferenciar quem está ao meu lado por minha causa, daqueles que estão por conveniência: da empresa, da vida, dos amigos. Aprendi que algumas pessoas gostam de contar amigos em números, não em qualidade. Já entendi que a maioria das pessoas se contenta só com um jeitinho doce, não precisa ter nenhum conteúdo real. Já entendi que os iguais se atraem e que para atrair pessoas bacanas, temos que ser bacanas também. Já entendi que são eles que nos seguram, dão apoio, nos tiram da merda, que aproveitam nossas vitórias com a gente. E que preservar isso é uma delícia.

Não fiquei ranzinza, apenas acredito que humor, sarcasmo, bagunça, bom papo, inteligência, podem vir acompanhados de um bom coração. E é nessa galera que eu aposto, é com eles que eu gasto meu tempo, minha vibe, meu dinheiro e todo meu amor.

segunda-feira, 1 de dezembro de 2008

There's No Place Like Home

Um resort grotescamente gigante e lindo na costa de uma explêndida praia em Florianópolis.
Escrevo olhando para o mar. Não é sempre que se tem uma dádiva dessas. Um mar verde, maravilhoso, à frente dele uma piscina digna de filme, no meio de uma vegetação extensa.
Um evento. Um evento para jovens empresários, o que não é meu caso. O lugar onde trabalho apenas organizou esse evento e eu vim "obrigatoriamente convidada" pelo meu pai, que achava que "faz muito tempo que você não viaja, já comprei sua passagem."
Sim, de início eu quis quebrar todas as louças de casa e roer toda a mobília, não demonstrei para não magoá-lo, pois sei que ele ficaria feliz com a minha ida. Primeiro porque me cago de medo de avião, e ele sabe, mas achou que era uma boa oportunidade para perder o medo. Seria como "Ah você tem medo de ser atropelada? Deite-se no chão, deixe-me passar em cima de você com este trator! É uma ótima oportunidade para perder o medo!". Segundo porque eu não queria deixar meu namorado, minha coelha e minha cidade poluída que tanto abomino, porém como eu já disse, é minha.
O pior de tudo quando você não quer ir pra algum lugar é quando as pessoas perguntam de hora em hora: "E aí está animada pra ir?". E você de hora em hora tem que forjar um sorriso e uma resposta contrária daquela que você realmente queria dar para que não te encham o saco até que ele exploda e as bolas voem junto à pêlos e sangue.
"Velha!" "Deus dá asas pra que não sabe voar mesmo" "Você é louca de não querer ir" Escutei de tudo para as poucas pessoas com as quais fui sincera. Todos me colocando no último nível de aceitação por não estar com um sorriso dando volta na cara por ter a oportunidade de vir pra cá.
"Talvez eu esteja sendo ingrata" pensei comigo mesma, sentindo uma ponta de peso na consciência. Por que a gente às vezes se culpa de sentimentos que não pode mudar? Eu me sentir culpada não ia fazer com que a santa vontade de estar aqui se despertasse no mais profundo de meu ser.
Cheguei no aeroporto, e uma mistura de cagaço com curiosidade se embolou no meu coração quando vi o tamanho daquele bicho enorme chamado avião.
"Tam tam tam taaaaam" - lembrei do cara do meu trabalho me zoando com essa música ao saber que eu ia viajar de TAM.
Entrei no avião e óbvio que foi inevitável não me lembrar do pessoal que morreu em Congonhas o ano passado. Eles estavam num lugar exatamente como este! Pode ser eu! Caralho. Sim, sou neurótica, depressiva, maluca e medrosa, sei que passa isso na cabeça de quem lê isso.
Para me deixar ainda mais ansiosa, o avião ficou andando uma década a passo de tartaruga antes de decolar. Do nada o bicho começou a correr e quando me dei conta já estava acima das nuvens.
Não posso mentir dizendo que não gostei. Foi uma delícia. Deu medo, mas foi uma delícia. E só fazia 20 anos que eu não andava de avião, como pude não me lembrar?
Chegando aqui foi impossível não sorrir. O lugar é maravilhoso e uma corrente de alegria começou a correr pelas minhas veias. A varanda do apartamento dá pra ver boa parte do mar, a piscina, é lindo. O evento dura 3 dias. Desde quarta feira estou vivendo à base de jantares esdruxulamente chiques, com 697 tipos de pratos quentes, saladas e doces. Nunca comi tanto doce na minha vida. Vou voltar preta e gorda, ou seja, irreconhecível. E nunca senti tanta saudade de comer vendo TV que nem hoje.
Nos jantares, bandas. Nas mesas, pessoas. Na pista, jovens. O evento como eu disse é para eles, para jovens empresários. Rola palestra, interatividade e etc. Até agora só assisti a uma palestra, que acho que deve ter valido por todas, pois é uma espécia de palestra show. O cara além de palestrante é mágico. Um cara foda. Eu poderia ser ele, mas me lembrei que sou tímida o suficiente para estar num palco sem que seja para atuar. Esquisito, não? Ninguém entende, mas o Zé Wilker disse que é normal numa entrevista na TV. Além do mais, eu não riria para os EUA apenas para me formar em Marketing. Além do mais, eu não pisaria nos EUA por nada nesse mundo.
No jantar de quinta-feira, rolava banda, jovens bebendo e se divertindo, e rolava uma Thaís querendo ir dormir.
"Como você é veeeeelha" dizia o pessoal do meu trabalho! "Fique mais um pouco! Vamos curtir uma banda!"
Aí fiquei. Fiquei 10 minutos a mais. Fiquei lá "curtindo a banda" que implica ficar sentada olhando caras tocarem músicas que posso baixar na internet. À minha frente, pessoas se sacundindo ao som destas mesmas músicas. Definitivamente? Boa noite! Sou uma idosa mesmo, sou bicho do mato.
Ontem a mesma coisa, mas com um grande diferencial: passinhos!
O pessoal estava inventando...passinhos! Passinhos! Por Deus! Passinhos, passinhos são o cúmulo da...do...bom, são passinhos, acho que a palavra já se auto descreve.
Nas três vezes que me decidi ir embora, me convenceram a ficar para "curtir a banda" novamente. Eu não deveria, mas fiquei. Sentada, de touca, na mesa, bebendo uma cerveja, com alto teor de sarcasmo no rosto, observando os jovens empresários e os jovens do meu trabalho...fazendo amizades e...passinhos. Olha, nada contra todo mundo que faz passinho, é rico e gosta de fazer novas amizades, eu só não me sinto parte disso, entendeu? Não faz parte do que eu quero, do que eu gosto e do que eu faço.
Dezenas de garotas novas e ricas com sandália rasteira, vestidos de pano e cara de "vamos curtir a vida adoidado, pessoal!" deslizando em passinhos na frente de uma banda que era até legal, mas não o suficiente para me prender lá pela madrugada toda. E nem eram 11 da noite ainda.
Cansada de ver os passinhos esdrúxulos, me despedi rapidamente e sumi. Vim para meu apartamento e dormi até hoje (sábado) às 11 horas.
Fui almoçar. Encontrei algumas pessoas.
"Posso saber onde é seu esconderijo"? "Por que você foi embora ontem à noite? " Ah pelo amor de Deus se eu ficar que nem ela nessa viagem prefiro me matar! Que velha que você é!"
Sinceramente, eu gostei de vir! Mas será que ninguém entende que gosto de me divertir ao meu modo? Tipo, pensando? Eu me divirto pensando!
Eu gosto disso. Tem mais sentido do que beber e fazer passinhos na noite. Será que ninguém entende?
O conceito de diversão hoje em dia é tão ridículo. Ao meu ver! Eu definitivamente sou uma velha mesmo. Me tornei uma pessoa que não gosta de bagunça. Fazer o que? E incrivelmente sou feliz assim, me divirto assim, do meu jeito.
Minha mãe hoje tentou me acordar umas 219 vezes. "Tanta coisa pra fazer e você aí dormindo".
"Tanta coisa pra fazer". Reformulemos. Tipo o que? Andar na praia de novo? Passear em volta do hotel de novo? Ir pra academia? Ir pra piscina? Fazer aula de dança de salão?
Cansei de ficar andando na praia.
Cansei de passear em volta do hotel, já decorei todos os seus tijolos dele.
Todos sabem que detesto academia
Piscina eu cheguei a uma conclusão que é uma das coisas mais engraçadas do mundo. As pessoas entram lá e ficam boiando e mergulhando. Estes dias quando entrei na piscina pensei: Pronto. Já estou aqui. E agora, o que é pra fazer?
Tipo, não tem sentido, saca? É gostoso, mas não tem sentido! Não tem o que fazer lá!
Aula de dança de salão, com o humor que eu tô e com o bicho do mato que me tornei, inviável. Ainda se meu namorado estivesse aqui eu poderia pensar, mas estou com meus pais e com pessoas do trabalho que fazem passinhos, ou seja, impossível.
Sou muito mais ficar vendo televisão ouvindo o barulho do mar ou ficar aqui na inernet fuçando do que fazer qualquer outra dessas coisas.
Estou com saudade da minha poluição, da minha coelha, do meu quarto, do meu namorado, de ficar no nosso cantinho do metrô, de pegar o trem pra ir pra casa dele. Tô com saudade da cidade insuportável que já estava me dando nos nervos, mas que não consigo ficar três dias longe.
O cara que trabalha comigo disse que eu deveria fazer amizades.
"Por que?" - perguntei.
"Pras pessoas te conhecerem" -
"Pra que?" - perguntei.
"Pras pessoas verem você"
"Pra que"? - perguntei.
"Para você conhecê-las também"
"Pra que?" - perguntei
"Você diz isso como se as pessoas não fossem gostar de ver você" - disse a moça que trabalha comigo.
"Eu não quero que elas me vejam"
"Você é bonita! Como não gosta que as pessoas te vejam?"
"Essa opinião não é unânime. E eu realmente não quero que elas me vejam."
"Você tem que parar de ser ridícula e viver num casulo. Pra você conhecer o outro lado".
E eu já não conheci o outro lado? Não vi nada de interessante. Sinceramente? É até engraçado, mas me cansa. E eu sou insuportável nesse aspecto, e pessoas não deixam de me adorar por isso. E eu posso assumir sim, que sou insuportavelmente interessante, seja no bom ou no mal sentido. Pessoas adoram me analisar como um verme e se assustar comigo, algumas delas até me admiram, outras acham que eu sou esquisita, como minha mãe, que já me disse isso em alto e bom tom: "Você é esquisitaaaaa", só porque eu estava num laboratório (tinha acabado de fazer exame de sangue e fui pegar um café antes de ir embora) e eu queria ir embora com o copinho de café na mão!. "Quem toma café na ruaaaaa? Esquisitaaaa". Sempre fui chamada de esquisita, estranha, por fazer coisas que ninguém fazia ou por questionar coisas que ninguém questionava porque já sabiam que iam ouvir um "porque sim" ou "porque não. Já me adaptei e isso hoje me soa como elogio.
A questão é, pessoas me acham tão interessantes quanto um E.T cretino ou tão interessante quanto a Virgem Maria ainda que de virgem eu não tenha nem o buraco do ouvido (mentira, este eu preservo...e outros buracos também preservo).
Posso soar um pouco arrogante nesse aspecto, não me importo, eu não preciso me divertir de forma comum, cheia de pessoas comuns. Tolero muita coisa, brinco com muita gente, mas sorrio amarelo para pessoas comuns, e ainda assim não deixo de gostar delas, contanto que seja de longe.
A velha até curtiu ter viajado, curtiu a solidão de ver a praia do alto das rochas, curtiu a beleza toda desse paraíso. Mas não adianta, por melhor que seja o lugar, como diz o ditado: "There's no place like home."